6.8.07

Comemorando 25 anos de M Paulinha

Como não estamos em Salvador para comemorar os 25 anos de Mestres Valmir, Janja, Paulinha, Poloca, e Boca do Rio, continuamos nossa comemoração virtual aqui no blog. Este é o segundo em nossa série de postos sobre estes mestres importantes.

Tanto grandes capoeiristas como professores universitárias, palestrantes, e escritoras publicadas, M.s Paulinha e Janja são bem conhecidas pelas suas realizações acadêmicas e pela promoção de estudos sobre a Capoeira Angola.

O artigo “A Capoeira Angola a a Luta Anti-Racismo” escrito por Paulinha apareceu na revista “Toques d’Angola” em novembro de 2004. M Paulinha escreve sobre o crescimento da Capoeira Angola como um instrumento para grupos marginais depois que o governo brasileiro tentou regular capoeira como um “esporte nacional”. Paulinha segue o desenvolvimento da Capoeira Angola como parte do movimento negro, como um espaço para mulheres (criado em grande parte pelos esforços de Paulinha e Janja), e mais recentemente, como um ponte de entendimento entres países e culturas distintas. Aqui está um trecho:

No início da década de 1980, a criação do Grupo de Capoeira Angola Pelourinho (GCAP) no Rio de Janeiro e, posteriormente, na Bahia prenunciava uma mudança profunda de cenário. Fundado por Mestre Pedro Moraes Trinidade, o Mestre Moraes, o GCAP implementou um conjunto de ações voltadas para a revalorização da Capoeira Angola e para o reconhecimento da importância de mestres antigos e ilustres, como o próprio Mestre Pastinha. Com um discurso que afirmava as raízes africanas da capoeira e denunciava as injustiças sofridas pelos tantas capoeiristas e afrodescendentes, este grupo foi precursor de um movimento que se tornou amplo e diversificado.

Através da realização de eventos em homenagem ao Mestre Pastinha, o GCAP consegiu reunir antigos praticantes da Capoeira Angola e atrair novos admiradores e interessados em se iniciar neste jogo tradicional. O formato destes eventos inovava posto que criava pontes entre or praticantes da Capoeira Angola e outros segmentos da sociedade como: lideranças religiosas, especialmente ligadas aos Candomblés de Angola; organizações anti-racistas do chamado “movimento negro”; organizações envolvidas com outras formas de produção cultural negra; intelectuais e acadêmicos; gestores governamentais, especialmente da área cultural… Tais eventos foram se formando como parte importante de um calendário regular de atividades que, ao mesmo tempo, ajudava a construir a nova comunidade dos “angoleiros”.

Um aspecto importante do discurso e das ações implementadas pelos grupos de Capoeira Angola criados nesse período diz respeito à denúncia do racismo no Brasil… E vale destacar que, no caso da Capoeira Angola, a afrimação do compromisso com a luta anti-racista ocorreu sem que modelos separatistas fossem adotados, com os grupos se mantendo abertos à participação de quaisquer indivíduos afinados com estes ideais, e interessados em aprender e defender a Capoeira Angola…

...Como resultado das multiplas transformações por que passou a Capoeira Angola nas últimas décadas.. chama atenção o fato de que a “comunidade” da Capoeira Angola se formou sem construir laços de dependência em relação ao Estado e atravessando as fronteiras nacionais, o que ajudou a construir o que já foi referido como a “diáspora da capoeira no mundo”. Esta se tornou uma comunidade muito heterogênea, incluindo pessoas de origens étnicas e raciais, classes socias, nacionalidades, gêneros, idades e orientações sexuais distintas, e este tem sido o pano de fundo para as construções identitárias dos “angoleiros” e “angoleiras”. Portanto, afirmar-se como “angoleiro(a)” hoje implica lidar com tal diversidade, afastando qualquer ideal de pureza e homogenidade.
Uau! Muito bem dito! Parabens, M Paulinha, pelos 25 anos da Capoeira Angola e todas sua contribuções à comunidade.

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