… O ano-chave para a capoeiragem carioca é 1870. Por muitos motivos a Guerra do Paraguai (1865/1870) foi um divisor de águas na sua história. Arrastados às centenas para o campo de batalha, eles arrancaram pendores de bravura nos combates corpo a corpo, e conquistarm o respeito da oficialidade. Voltaram como heróis. Retomaram o controle dos pontes da malha urbana que haviam abandonado como “voluntários” para lutar no sul.Este trecho sobre a história de capoeira na cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX vem de um artigo que foi publicado na revista Nossa História em março de 2004. O artigo, “A era de ouro da capoeira” por Carlos Eugênio Líbano, apresenta um trecho de uma publicação da época chamada “Os capoeiras”, reflete nas origens da capoeira, e explica a rivalidade entres as grandes maltas do Rio, os Nagoas e os Guayamus. O artigo é extenso e muito bem escrito. Vale a pena o ler!
Não era só um retorno. A elite conservadora, que dominava a vida política da nação, de uma forma ou de outra, se entusiasmara com o fevor marcial daquela gente na frente de batalha. E também se impressionara vivamente com a violência das lutas de rua no retorno dos veteranos. A partir deste momento, por caminhos que permanecem ainda obscuros, os capoeiras entraram definitivamente na agenda política da elite monárquia da Corte Imperial do Rio de Janeiro.
A malta que se tornou uma espécie de lenda na vida politico-eleitoral do Rio a partir deste momento era a Flor da Gente. Dominava a freguesia da Glória, área nobre da cidade, onde pontuavam os sobrados, mansões e chácaras da elite fluminese. Em 1872 ela entrou com fúria nos violentos embates que caracterizavam as disputas eleitorais do Império…
… Durante oito anos os “capoeiras políticos” – como os denominava a imprensa oposicionista – dominaram os corredores do poder na cidade. Com apoio de poderosos padrinhos, eles infiltraram na polícia…
… A festa acabou em 1878. Os conservadores caíram, levando consigo a camarilha da Flor da Gente. A repressão que desabou sobre a cabeça deles foi pesada, mas não consegiu eliminá-los. Nos dez anos seguintes eles ainda controlaram o mercado da violência política na cidade, até serem destronados de vez pela energia moralista e republicana de Sampaio Ferraz, em 1890.
Se quiser ler o resto do artigo, pode encontrá- lo no acervo da FICA-Bahia.
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