29.10.07

Edição literária: Na esquina das ruas Quatro & Butternut

Na esquina das Ruas Quatro & Butternut
por Charisse Williams

Cheguei aqui às 18:30 para trabalhar no novo espaço
E ninguem estava
Me pareço que sempre estou no lugar errado, no momento errado
Passei Fabio saindo pelo Metro
Depois de esperar 40 minutos.
Enquanto eu espero sentada, olho as pessoas passeando
Em várias matizes de marrom
Ouço o som, a percussão, os gritos
dos onibus enquanto passam e o
klak klick klak klick klak klick
dos trens do Metro
e o uiiiooo uiiiooo dos alarmes dos carros
e a música “Go-Go” estrondeando dos som dos Jeeps.
Eu vejo os bróders trocando “beleza?”s
E se apertando as mãos no parque no outro lado da rua.
É dificil escrever essa poema
Por causa dos “com vai voce?”s
dos homens que tentam
me olhar nos olhos
embora que minha saia estiver cortinha demais
para me sentar na escada.
Mulheres em ternos
Bróders em gravatas
Pessoal andando pra lá, prá cá falando nos cellulares
Damas em Lexuses
bebos com sapatos gastados
o fedor de cachaça e suor
sinto o ritmo e o pulso
dessa paisagem urbana com a alegria da roça
nessa communidade com sua cultura rica
cheia de contradicões
Sinto tranqulia…
Enquanto eu me levanto para sair, sorrio
Olhando prá trás
Sabendo
Que o espaço estará lá
amanha
e o dia depois
e o depois
Com certeza…
FICA estará bem aqui.
Mandingueira e cantadora Charisse Williams escreveu essa poema (em inglês) para a revista literaria, Caxixi, que FICA publicou alguns anos atrás. Hoje em dia, na verdade, o espaço não está mais lá (mas FICA ainda está bem). FICA-DC está em um novo espaço, mas o velho espaço na esquina das Ruas Quatro e Butternut guarda boas memórias: rodas, visitas de capoeiristas de todas partes do mundo, churascos, festas, debates, aulas de dança e música, amizades e muito mais! Tempo bom, tempo bom…

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