20.11.09

Viva vinte de novembro! Viva Zumbi!

    


Em novembro de 1995, a revista brasileira VEJA marcou 300 anos depois da morte de Zumbi com várias reportagens sobre o líder do quilombo de Palmares e outros assuntos relacionados a ele.

A autora, Vilma Gryzinski, nota que embora que Zumbi hoje em dia seja considerado um herói nacional, sabemos pouco sobre a vida dele...
Ele era baixinho e magricela. Coxo, mancava da perna esquerda, por causa de um mal curado ferimento a bala. Foi coroninha na infância , versado em português e latim, e possivelmente conservou algo da fé católica… Talvez nem sequer tenha sido uma pessoa – mas sim dois ou até três diferentes comandantes negros que… assumiram sucessivamente o título de Zumbi…

Pois é este homem-sombra, quase desconhecido, “pequeno de estatura e magro de corpo”, morto qual fera acuada no dia 20 de novembro de 1695, que resurge 300 anos depois como portentoso combatente da resistência, grande herói do movimento negro, uma figura mitificada, como todos os heróis.

Sabe-se pouco sobre Zumbi, pois sua história só pode ser pinçada indirectamente, através dos documentos escritos por aqueles que o combateram…

Zumbi nasceu em 1655 em Palmares. Foi capturado e entregado ao padre António Melo. Foi batizado e dado o nome Francisco. Aprendeu latim e português. Em 1670, aos quinze anos, fugiu e voltou para Palmares. Em 1678, quando Ganga Zumba, o então líder de Palmares, fez um concordo de paz com o governador de Pernambuco, Zumbi não aceitou as concessões que o líder fez e rebelou. É dito que o governador exigiu a devolução dos escravos fugidos morando em Palmares. Como a autora diz, “Garantir a liberdade própia em troca da escravidão do outro é uma escolha crudelissima.”

Ganga Zumba foi assasinado pelos fieís a Zumbi, e depois de uma guerra entre os quilombos, Zumbi assumiu a liderança de Palmares.

O quilombo de Palmares no momento da sua maior prosperidade e influência era quase o tamanho de Portugal e, tinha entre oito e trinta mil habitantes morando em várias comunidades. A maioria dos moradores eram negros, escravos fugidos e negros nascidos livres dentro de Palmares, mas também moravam índios e alguns brancos foragidos no quilombo. Mais de trinta vezes os coloniais tentaram destruir Palmares, e cada vez, os aquilombados de Palmares resistiram os ataques utilizando táticas guerrilhas.
Os “mocambos dos negros” – a palavra quilombo ainda não existia – cresceram extraordinariamente depois da invasão holandesa [1624-1625 e 1630-1654], transformando-se num desafio intragável para o sistema politico da época… cada govenador de Pernambuco que chegava de Portugal tinha um projeto para acabar com Palmares… [mas] As expedições lançadas pelas autoridades coloniais de Pernambuco [o estado de Alagoas era parte da então capitania de Pernumbuco] costumavam padecer da falta de continuidade. Cada vez que mudava o governador, mudavam-se as táticas e os comandantes. Campanhas isoladas infligiam danos temporários aos palmarinos, que recuavam, espalhavam-se pelo mato e voltavam a se organizer. No confronto final, foi diferente…

… O primeiro assalto da campanha final, desfechado a 23 de janeiro [de 1694], demonstrou a resistência da defesa da cidadela de Zumbi. Os atacantes que conseguiram aproximar-se foram rechaçados tanto a “armas de fogo e flechas disparadas dos baluartes, como a água fervendo e brasas acesas lançadas pela Estacada.”

O quilombo de Palmares não tombou em um dia só. Demorrou vinte-dois dias para as tropas, liderado pelo mestre-de-campo Domingos Jorge Velho, um paulista, derrotá-lo. Zumbi com alguns dos sobreviventes do ataque fugiram para o mato e outros mocumbos.

Mais de um ano depois da queda de Palmares, os caçadores ainda buscavam os fugitivos de Palmares. Em setembro de 1695, capturaram Antonio Soares, um paradeiro de Zumbi. Ninguem sabe as circunstâncias da interrogação (provavalmente foi torturado), mas Soares traiu Zumbi e guiou uma tropa de caçadores ao esconderijo de Zumbi, na Serra Dois Irmãos, onde ele estava com 20 homems sob seu comando.
Zumbi não caiu sem luta. Quando se viu emboscado, “pelejou valorosa ou desesperadamente, matando um homem, ferindo alguns e não querendo render-se nem aos companheiros, foi preciso matá-los”, contou o governador. “Só a um se apanhou vivo.”… Era 20 de novembro de 1695, segundo consta de um apanhado da campanha contra Palmares feito depois por Domingo Jorge Velho.” A força e covil dos negros dos Palmares no Barriga tão afamado está conquistador, seu régulo morto”…
Hoje em dia, o dia 20 de novembro é comemorado como o Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil em lembrança da morte de Zumbi, a maior figura de resistência contra a escravidão brasileira.

O artigo é muito interessante e cheio de informações (16 páginas) sobre Zumbi, Ganga Zumbi, o povo de Palmares, a história de Palmares e outros quilombos, o Brasil colonial, os bandeirantes que foram chamados para destruir Palmares, e o ataque final que derrubou Palmares.

Pode encontrar o artigo e aprender mais sobre Zumbi e o quilombo de Palmares no nosso acervo.
 

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