13.11.09

Lembrando do M Pastinha no dia 13 de novembro

   
Mestre Pastinha faleceu nesse dia (13 de novembro) em 1981 na cidade de Salvador, Bahia. Hoje, vamos lembrar do grande mestre e celebrar tudo que ele fez para a capoeira e a cultura brasileira nas nossas rodas e nossos treinos em todas as esquinas do mundo onde a capoeira tem espalhada.

Aqui, um grande amigo de Mestre Pastinha, o famoso escritor baiano, Jorge Amado, escreve um pouco sobre Pastinha, Mestre Waldemar e Mestre Traira no seu guia touristica escrita em 1944 chamado Bahia de Todos os Santos.
Mestre Vicente Pastinha tem mais de setenta anos. É um mulato pequeno, de assombrosa agilidade, de resistência incomum. Quando êle começa a "brincar", a impressão dos assistentes é que aquêle pobre velho, de carapinha branca, cairá em dois minutos, derrubado pelo jovem adversário ou bem pela falta de fôlego. Mas, ah! ledo e cego engano! nada disso se passa. Os adversários sucedem-se, um jovem, outro jovem, mais outro jovem, discípulos ou colegas de Pastinha, e êle os vence a todos e jamais se cansa, jamais perde o fôlego, nem mesmo quando dança o "samba de Angola".

A Escola de Capoeira Angola, de Mestre Pastinha, fica na ladeira do Pelourinho, no Largo mesmo, num primeiro andar. Às quintas e domingos "brinca-se" na Escola. Mas quintas, em geral, a brincadeira é mais fraca, são os alunos mais novos que se exibem. No domingo vêm os capoeiristas conhecidos e a festa começa pela tarde. Quem fôr a Bahia não deve perder o extraordinário espetáculo que é Mestre Pastinha no meio de seu salão jogando a capoeira, ao som do berimbau. E quando êle não está lutando, não vai descansar. Toma de um berimbau, puxa as cantigas. Para mim, Pastinha é uma das grandes figuras da vida popular da Bahia. É dispensável conhecê-lo, conversar com êle, ouvi-lo contar suas histórias, mas sobretudo, vê-lo na "brincadeira", atingindo adversários vigorosos e jovens, derrotando-os um a um...

... devemos falar da Escola de Waldemar, na Estrada da Liberdade, onde, além do mestre que dá nome à escola, encontra-se Traira, um caboclo seco e de pouco falar, feito de músculos, grande mestre de capoeira. Vê-lo brincar é um verdadeiro prazer estético. Parece um bailarino e só mesmo Pastinha pode competir com ele na beleza de movimentos, na agilidade, na rapidez dos golpes. Quando Traira não se encontra na Escola de Waldemar, está, ali por perto, na Escola de Sete Molas, também na Liberdade. Nessas Escolas pode o visitante adquirir belos berimbaus, ajudando assim o desenvolvimento da nossa luta nacional...

... Mas, ah! que nunca vos aconteça uma briga com um dêsses capoeiristas, porque, por mais que fortes que sejais, eu não apostarei em vós tão certo estou que um minuto depois estareis estirado no chão à disposição da navalha brilhante…

Podeis porém fazer camaradagem com qualquer deles e assistir a uma demonstração. Esses capoeiristas são uma boa gente, mulatos e negros de fácil amizade.

Ie, Viva Pastinha!
        

Nenhum comentário: