8.11.08

Novo CD e entrevista com Mestre Moraes

Mestre Moraes lançou um novo CD, “Roda de Angola” como parte de uma edição especial da revista Praticando Capoeira que está nas bancas agora. Na entrevista, ele fala sobre a música na capoeira, suas viagens pelo mundo ensinando capoeira e muito mais. Aqui está um trehco da entrevista (o cd, vocês têm que comprar!):
Mestre, você poderia falar um pouco sobre os aspectos marcais e filosóficos da capoeira Angola?

Os aspectos marcais e filosóficos da capoeira Angola não devem ser analisados em sperado. Movimento e sentimento devem estar atrelados a fim de que a interpretação do “jogo” só seja possivel àqueles que fazem parte do grupo identitário denominado de angoleiro. Foi, e tem sido, esse caráter de complexidade que dificultou e tem, até hoje, dificultado os projetos de “caracterização” da capoeira angola. Incorre em erro aquele que espera do capoeirista angoleiro reações unicamente físicas. Os elementos da capoeira, visíveis a olho nu, virão sempre precedidos de princípios filosóficos. Mesmo que seja para orientar o capoeirista para não reagir fisicamente. Eu diria que a filosofia está para a capoeira, como a oralidade está para a escrita. Uma precede a outra.

Como a capoeira angola pode ajudar no processo de conscientização (individual e coletiva)?

Eu não consigo conceber a capoeira, enquanto instrumento de orientação dos seus praticantes, para os fatos sóciopolíticos, sendo utilizada para conscientização individual. No momento em que ela, no Brasil, começou a mostrar o seu lado rebelde, a repressão aconteceu contra o(s) grupo(s) que a materializaram, e não contra um indivíduo. Daí acredito que não coletivizar é transformar os mestres em personal trainers.

Você poderia falar um pouco da questão dam música na Capoeira Angola?

O casamento da capoeira com o berimbau é parte de uma histtória atlântica. Outras associações simbólicas tiveram, também, o seu lugar no processo de reorganização das culturas africanas nas diasporas, e não seria diferente com a capoeira. No processo de reorganização ou reinvenção, como queriam, vários elementos de outras culturas africanas se fundiram, e nos presentearam com o que temos de mais belo na capoeira: a musicalidade. O jogo da capoeira tem início com o toque do berimbau. Importa que o tocador seja tão capaz quanto um alabê (tocador de atabaque na religão afro-brasileira) que, através do toque, entra em contato com os orixás, fazendo com que estes venham tomar parte da festa. O tocador de berimbau tem a mesma responsibilidade. Neste caso especifico, os nossos “orixás” são os antigos mestres: Bimba, Pastinha, Valdemar, Bobó, Paulo dos Anjos, Caiçara e outros. Não acredito que os mestres citados participariam de rodas cujos tocadores não estivessem em condição de invocá-los; seja através da música ou do toque do berimbau. Após ter atravessado Kalunga, serei bem mais bastante exigente para aceitar um convite.


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